A edição que li foi a da Punto de Lectura, em formato de bolso, com ilustrações de José Belmonte. Em cerca de 130 páginas, o bem conhecido escritor espanhol conta-nos, no seu estilo característico, uma história baseada num curioso acontecimento que teve lugar durante a campanha da Rússia em 1812. Durante um combate na colina em frente a Sbodonovo, no qual as forças napoleónicas estavam numa situação bastante adversa, algo totalmente inesperado acontece. O “326 de Infantería de Línea”, um batalhão de antigos prisioneiros espanhóis, voluntários à força na Grande Armée, tenta desertar avançando para os russos. Esta movimentação, que se dá quando a derrota na batalha parece inevitável, é entendida como um acto de heroísmo e coragem por Napoleão que ordena uma carga de cavalaria em seu auxílio. A vitória é muito celebrada e os espanhóis são condecorados em frente ao Kremlin numa Moscovo deserta. Nessa noite há uma passagem de que gostei especialmente sobre um encontro nocturno entre o Capitão García e Napoleão — a quem chamavam “O Maldito Anão” ou “Le Petit Cabrón” — onde o Imperador pergunta por que fizeram os homens do 326 aquele avanço. García hesita, pensa, toma o seu tempo e responde-lhe: “Não havia outro sítio aonde ir, Sire.” O silêncio que se seguiu foi esclarecedor, já que, como nos diz Reverte, “tanto ele como o Petit, no fundo, eram soldados profissionais e estavam a entender-se sem palavras.” Um divertido relato ligeiro sobre a pesada realidade da guerra e as relações humanas em condições extremas, que se lê de um fôlego.
A Sombra da Águia é um pequeno livro, que foi originalmente publicado em forma de folhetim (ou seja, por partes) no jornal El País em 1993, sendo a história posteriormente transformada em livro, que agora é publicado pela primeira vez em Portugal (está disponível nas livrarias a partir de 20 de Agosto). Neste livro, assistimos a um acontecimento decorrido aquando da invasão da Rússia pelas tropas de Napoleão, em 1812, quando uma companhia de soldados espanhóis, anteriormente resgatados da prisão na Dinamarca, marcha em direcção às tropas russas com o objectivo de desertar e se passarem para o lado do "inimigo". Contudo, Napoleão e os seus generais observam a aparente manobra arriscada e encaram-na como um acto de heroísmo inusitado que necessita da ajuda urgente da cavalaria.Nunca tinha lido nada deste autor (tenho na pilha "O Cemitério dos Barcos Sem Nome"), mas fiquei muito bem impressionada. Adorei o tom humorístico com que ele conta este episódio, nunca perdendo de vista a história que pretende contar e a mensagem que quer transmitir. Acaba por ser uma homenagem ao soldado anónimo, que tão frequentemente na nossa história foi esquecido em detrimento dos nomes mais sonantes. É, também, um relato da crueldade da guerra, sempre filtrada com o toque humorístico de que falei anteriormente.Nota final para a excelente tradução de Helena Pitta que, na minha opinião, conseguiu transpor brilhantemente este texto para a nossa língua. Apesar de não conhecer o texto original, dá para "sentir" que a tradução manteve o seu espírito.
What do You think about La Sombra Del águila (1992)?
The Eagle’s Shadow is a fiction novel based on historical facts: in 1812, during Napoleon’s Russian campaign, a bunch of Spanish prisoners, forced to fight for the same French army that had invaded their country, tries to change sides in the heat of the battle. Their intentions mistaken for heroism, the Emperor sends them support, with unpredictable consequences. I don’t think this book has been translated into English, but those of you who can read Spanish, I strongly recommend it. It is thin, written like a serial novel, and absolutely hilarious. Pérez Reverte makes you cry tears of laughter and go pale at the absurd of war.
—Tacuazin
He decidido que voy a hacer un repaso a la que fue la primera lista de libros que publiqué, y que contenía los libros leídos entre 2004 y 2005. En esa época ni siquiera tenía el absurdo nombre de 12LxA. El primer libro de esta lista es una divértidisima historia real (aunque novelada y exagerada) de Arturo Pérez-Reverte, y a la que doy 4 estrellas. Guardo un recuerdo buenísimo de esta novela, y este recuerdo es en parte culpable de que no disfrutara de Un día de cólera tanto como esperaba.Cuenta la historia de un batallón de prisioneros españoles enrolados a la fuerza en el ejercito de Napoleón durante la campaña de Rusia de 1812. Y que están más preocupados de desertar que de luchar, aunque lo único que se les ocurre es tirar para adelante, lo que les hace quedar como héroes. Una pequeña joya que nadie debería perderse.ver reseña en mi blog
—manuti
Ésta es la historia de un batallón de infantería formado por españoles que en una batalla decisiva de Napoleón contra los rusos comete un acto involuntario de heroísmo al intentar pasarse al enemigo. Pérez-Reverte, con su estilo desenfadado de los domingos (me refiero al suplemento dominical de ciertos diarios), narra la gesta de este grupo de soldados que lucha en las filas francesas a su pesar. El resultado: un buen rato de risas y una historia magníficamente contada. No faltan los temas habituales (supongo, sólo he visto la película) en el Pérez-Reverte de Alatriste: la hombría, el honor y la muerte con la cabeza bien alta de los españoles en un marco de guerras sangrientas y absurdas. A pesar del tono jocoso y la chanza constante a costa de los franceses, el relato parece bien documentado y narra perfectamente y con las palabras justas la batalla de Sbodonovo, la entrada de Moscú y la retirada, con el famoso general Invierno machacando a las huestes napoleónicas (un tercio de las cuales estaba formado por soldados de otros países, nos informa el autor).Palabras que pone en boca de Napoleón:“Cada vez que miro uno de esos grabados del tal Goya me vienen a la memoria aquellos desgraciados con sus ojos de desesperación, engañados por reyes, generales y ministros durante siglos de hambre y miseria, analfabetos e ingobernables, con su orgullo y su furia homicida como único patrimonio.” (p. 108)“En Rusia me venció el invierno, pero quien me venció en España fueron aquellos campesinos bajitos y morenos que nos escupían a la cara mientras los fusilábamos.” (p. 110)
—Julián