A serviço de sua satânica majestadeMuito já se leu que O Castelo na Floresta, último romance do gigante americano da ficção Norman Mailer, é uma biografia de Adolf Hitler. Não de todo. O pequeno Adolf está ausente ou tem pouca importância até depois da metade do livro, e a narrativa se ocupa mais da formação e das paixões do pai, Alois, do que do próprio Adolf Hitler. Tanto que o volume se encerra por volta de 1903, data em que Alois morre de um colapso motivado por seu alcoolismo. Nessa altura, Hitler estava prestes a completar 13 anos e já havia sido reprovado duas vezes na escola, que logo abandonaria.Mailer interrompe sua narrativa da vida de Hitler tão cedo porque planejava uma trilogia sobre o personagem, e sua família já informou que deixou material escrito do segundo volume, cuja publicação ainda será estudada dependendo de quanto o autor avançou na história. O Castelo na Floresta, contudo, é um livro que pode ser lido de forma autônoma, e ao mesmo tempo ganha novas ressonâncias se comparado com o romance anterior de Mailer, também ele uma ficionalização sobre a vida de um personagem “histórico”: o JesusCristo retratado em O Evangelho Segundo o Filho (1998).Os dois livros servem, talvez intencionalmente, como espelhos. Se, no primeiro, Jesus contava sua história apresentando-se como um trabalhador colhido a contragosto em um plano divino além de seu controle, em O Castelo na Floresta Hitler é descrito como o produto final de uma família plena de relações brutais e casos de incesto – também acompanhados de perto por agentes de um plano exterior ao humano. O narrador primeiro se apresenta como Dieter, um oficial de alta confiança do chefe da S.S. nazista, Heinrich Himmler, para mais adiante revelar ligações com um tipo de organização mais poderosa.Dieter é na verdade um demônio de escalão intermediário alistado no exército do “Maligno” em sua eterna luta contra o “Criador” pelo controle da Terra. E o menino Hitler se revela desde cedo uma presa cobiçada pelas hostes do Mal, razão pela qual o narrador da história está tão familiarizado com sua vida. Se no Evangelho... Mailer discutia a dicotomia entre as naturezas humana e divina do Cristo, agora é a dualidade entre o humano e o infernal que está em questão. Boxeador na juventude, Mailer ainda escreve como quem chama seu tema para a briga. Aproveita as lacunas da documentação na biografia de Hitler e de sua família para apresentar sua versão da história doméstica do menino austríaco. Em sua monumental biografia em dois volumes Hitler, o historiador Joachim Fest informa que a certidão de nascimento do pai de Hitler, Alois, dava-o como criança “ilegítima” de pai desconhecido. No primeiro volume, Fest enumera três pais possíveis. Mailer transforma dois deles em meio-irmãos da mãe de Adolf, na primeira de uma série de ligações incestuosas que marcará a família e culminará na própria mãe do garoto, Klara, possível sobrinha do pai de seu filho.Na história de Mailer, Klara não apenas era filha de uma meia-irmã de Alois como também sua própria filha, resultado de uma ligação de juventude, o que tornaria Hitler um produto de escândalos de sangue comparáveis à da família grega dos Labdácidas, a de Édipo, Laio e Antígona. Escândalos de sangue que, na tradição clássica, redundam em tragédia. Com a interferência do demônio, os incestos da família Hitler gestam uma tragédia não para uma linhagem, mas para a humanidade. É uma platitude dizer que as escolhas narrativas de um escritor condicionam o resultado da obra. Mas não deixa de ser verdade, mesmo no que diz respeito a um estilista vigoroso como Mailer. A opção por esse narrador que se apresenta textualmente como “um oficial das fileiras do melhor serviço de inteligência que jamais existiu” é uma aposta arriscada porque se equilibra no gume de uma dualidade instável. Por um lado, arrolar Hitler como um “cliente” das hostes do Maligno é tomar o caminho fácil de atribuir um caráter sobrenatural ao mal nazista, como se a endossar a ideia de que infâmia tão absoluta só poderia ser cometida além (e fora) da simples condição humana. Uma tese que parece deslocada quando pensamos no sucesso artístico obtido por obras que se pautam justamente na negação dessa premissa, como o filme A Queda, de Oliver Hirschbiegel, com Bruno Ganz, ou o romance As Benevolentes, de Jonathan Littell, nos quais as razões do horror são humanas, demasiado humanas. Por outro lado, Mailer vai na contramão. Não humaniza os malfeitores, e sim o mal em si. Transformar as hordas infernais em um serviço de inteligência, duplicando a S.S. de Himmler, é um dos grandes achados de Mailer nesse romance. Por meio da voz iconoclasta desse espírito maléfico que é tão burocrata em suas funções quanto qualquer funcionário humano na maquinaria estatal nazista, o romancista pode dar vazão à ironia e à verve de que lançou mão em seu clássico Os Degraus do Pentágono. Os demônios admiram a criatividade da obra de Deus. Este, por sua vez, não é onisciente e onipotente, mas depende de um serviço de inteligência de anjos similar à agência de demônios da qual seu inimigo lança mão.E ao fim do livro, Hitler mantém algo de seu grande enigma, já que o narrador escolhido por Mailer é um funcionário de segundo escalão, que por vezes recebe ordens diretas de seu infernal comandante, mas não priva de sua intimidade, confiança ou conhecimento. Mailer pode ter entrado na mente de Jesus, mas não ousa se apossar da consciência de Satã. Indício de que, mesmo para algumas das melhores mentes do planeta, os aspectos essenciais do mal permanecem um mistério.
Great characters, Alois, Klara, Angela, Adi, Edmond, an interesting narrative relating mostly the life of Alois Heidler. The narrator is an Evil Spirit who chooses to follow the lives of these ordinary Austrian folk simply on the grounds that they are highly inbred through self-deceptions and confusions, which gives them possibility of being more easily guided into Evil deeds. Actually the story of the family is normal and touching in terms that it is an ordinary family, except perhaps that of Alois' lusts and successes in seduction of very beautiful Austrian girls. The plot relates about these family jealousies and anxieties, hobbies such as bee-keeping and family arguments, which on their own are fairly pedestrian. Basically after the initial excitement of Alois' fornications and treacheries with women, it settles into a family life which resembles any other family, the way children argue and fight, the fears the parents have over their future.This is all well, what makes the book is the narrative aside, narrator is a minion of the Maestro, a minor devil, working in the service of the Evil One. Adolf Hitler was evil, everyone knows that.So how did this evil come about, if he lived a fairly average life with a pretty normal for the time family? Well, the devil in this novel gives the reader many hints, many indications of how evil works, how choices can be made or influenced, how, inbreeding or specific genetic traits can allow a person to be more open to the "etching" of Evil. The ego is a fairly well acknowledged piece of equipment, which needs to be helped sometimes in order to encourage the person to go further along with their lives in order to achieve "desired results".At one point in the novel the narrator devil confides that it is the goal of his kind to destroy civilization as a precursor to overthrowing God. He contradictorily confesses though, that those who cease to believe in God also cease to believe in the devil also. I feel enlightened after reading this book, and better prepared to deal with dreams, which may have been planted by evil spirits in the night in order to goad me into doing evil deeds. I also feel enlightened about bees. Having said that this book has many virtues, I would like to have kept on reading further on, more about the life of the young protégé in Evil, not in interest for the character portrayal of Adolf Hitler as a juvenile, but rather for the education in the evil subtleties of the Maestro, the devil himself and how he goes about influencing events, and what these ultimate purposes are, perhaps even have a counter-narrative told from the perspective of an angel or some equal but opposite spirit working on the other side of the bargain. It's a clever and subtle novel, but it could be cleverer, that's the only shame, it could be more, say 600 pages, instead of 375, there is more to the story naturally.
What do You think about The Castle In The Forest (2007)?
This book made me feel so many conflicted emotions. As a person who lives a Jewish lifestyle, I was horrified to discover feeling a sort of understanding for adolf hitler. However, I feel that this text, based on mailer's own Jewish heritage, was perhaps his own way of rationalizing the evil that took place without actually having to say "this is what I think." It is a fictionalization that also attempts to make sense of something so senseless. People often question why the holocaust happened in
—Brooke Manolis
I don't believe I've read anything else by Norman Mailer. I enjoyed this book much more than I thought I would. This book is narrated by a demon who is put in charge of moldingAdolf Hitler's younger life. Other reviewers disclose that it was to be a trilogy, but Norman Mailer died after this book was published. That explains why this is more about Adolf's father, Alois, than about Adolf himself. I would have liked to read the books takingAdolf into adulthood. As usual when I read a novelized version of a historical person's life, I am constantly asking "Did Adolph really have B.O?" ,"Did he really help his father raise bees?", "Did he really play atwar games when he was young? Adolf's father, Alois, was born to an unwed mother and there was some question as to who his father was. His mother married ahopeless drunk who may have been his biological father. Theylived in wretched poverty. Alois was sent to live with an unclewho also may have been his biological father. His rise to a highlevel of the Austrian customs department was quite remarkable considering his humble background. I got tired of the endless accounts of the younger Alois's womanizing and depravity without even an inkling of any decent behavior. It was a nice change when he reached old age and started to take an interest in farming and bees. Although he was still a stern and abusive father, he seemed a little more likable. He even promised to stop beating Adolf at one point. The idea of a demon telling the story of Adolf Hitler was an interesting premise. I got a little tired of the demon. Some ofhis insights into which people are susceptible to demonic influence andhow things have changed over time were interesting, but sometimes histheorizing was just a distraction. The demon said the book was abouthim as well so he sidetracked to a whole episode about the coronation of Tsar Nickolas and his wife, Alexandria. I didn't see much relevance. I think Mailer had done a bit of research on this historical event and decided to throw it into this book. I did enjoy this book and wish he had written the sequels.
—E Wilson
While I can see why some think Mailer is a genius, this was not, in my opinion, his best work. Mailer tends to become obsessed with things meant to dusgust us, and in this one,true to form, I was digusted over and over. I would find myself having to stop and backtrack a bit, thinking I must have missed something. He can't possibly be speaking of anuses right now. Unfortunately, he was. The story itself was interesting only because we know this boy grows up to be a monster, but honestly, he wasn't that interesting as a child. He could be a brat, wasn't particularly charming, and didn't have many redeeming qualities, but that's not so unusual. I learned more about apiculture than I will ever, ever need to know, and I am just not fascinated with incest. I am glad I took the time to struggle through this. I think it was Mailer's last, but I wont be re-reading it.
—Kandice