Adorei este livro pois sinto que, ainda que não sente uma crente en nenhuma religião, nos abre os olhos e aarga horizontes. Deixamos de ver os muçulmanos como os maluquinhos pelo Corão e passamos a vê-los como meros crentes numa religião que tem "regras" diferentes das nossas e que, embora nós não concordemos com elas, eles as seguem religiosamente, sem noção de que há outras religiões que seguem outra regras religiosamente e cujas regras não são iguais às deles. Apercebemo-nos de que quem quer tentar parar os fundamentalistas desperdiça o seu tempo uma vez que enquanto para nós o catolicismo é apenas uma religão, para eles o islão é uma forma de viver, sendo-lhes ensiando desdo o berço.A nível de escrita, diálogos e descrições não achei nada por ai além mas o meu conhecimento ficou enriquecido por este livro e, por isso, dou-lhe 4 estrelas. José Rodrigues dos Santos, jornalista, pivot do telejornal da RTP, surgiu na ribalta literária em 2004 aquando da publicação do soberbo romance “A Filha do Capitão”. Desde logo foi capaz de criar uma enorme legião de fãs, não pela figura pública que é, mas sobretudo porque sabe como contar uma história, sabe como lançar motivos de interesse e tem uma grande capacidade de nos situar no centro da acção informando-nos, ou seja, os seus livros não são meros romances, neles há todo um vasto oceano de informações, aprendemos, é útil e, em simultâneo, diverte-nos.O estilo é deveras simples. A escrita é corrida, trabalha bem os personagens, não lhes dá grande profundidade mas fornece-lhes carácter, situando-os nos momentos temporais em que se situa a narrativa, tornando-os um elo para explorar o contexto sociológico.Foi assim na “Filha do Capitão” e em “A Vida num Sopro”. No entanto constatamos que José Rodrigues dos Santos escreve romances de dois estilos distintos mas com alguns elos em comum. Um, o que mais me agrada, o género Histórico, o outro, mais comercial e que melhor vende noutros mercados, o género thriller com alguns laivos de histórico.Para este género, que muitos apelidam de Dan Brown, JRS criou no primeiro livro “Codex 632” o personagem Tomás Noronha, professor de História e criptanalista.E é com este personagem, português de gema, que construiu quatro romances sempre com um denominador em comum: todos eles abordam aspectos preocupantes e actuais que estão na agenda dos governos de todo o mundo.E isso sucede, uma vez mais, neste “A Fúria Divina”.Não vou entrar em pormenores, mas JRS lança-nos uma história que é simplesmente um alerta num vasto rol de informações sobre os muçulmanos e sobretudo o fundamentalismo. Explica-nos porque é que ele existe, o que está por detrás do fanatismo, quais as fundações da religião, a sua História.Embora não se debruce ou analise intensivamente o Alcorão, facilmente percebemos que o livro sagrado dos muçulmanos está por detrás, a sua interpretação textual ou não, dependendo do que se quer interpretar.Esse é o principal tema do livro. Como pano de fundo, duas histórias que nos servirá para entender o porquê da Jihad, do surgimento de Mujaydin. Por um lado Ahmed, jovem egípcio que desde cedo vê alimentado o seu ódio contra os kafirun (cristãos), por outro, uma história onde Tomás Noronha é contratado para decifrar uma mensagem supostamente da Al-Qaeda.Obviamente que sucedem as típicos perseguições, situações um pouco forçadas ou até algo estapafúrdias (penso que é o grande fraco de JRS), Tomás Noronha, embora não seja tão ingénuo como no último romance, ainda tem atitudes um pouco ridículas, mas o certo é que este livro serve muito bem o sue propósito, com ele ficamos a conhecer um pouco da religião muçulmana, da Alcorão e do que está por detrás do fundamentalismo e do seu ódio ao Ocidente.
What do You think about Fúria Divina (2009)?
Not really his best work, but interesting nonetheless.
—Kinshuk